Entrevista com a autora de "Paixão, Drogas e Rock'n Roll, Daniela Niziotek

Olhando a foto, eu não diria que essa moça com ROSTO DE  BOAZINHA DEU VIDA AO POLÊMICO ASTRO  de rock, Brian- claro, isso na ficção, né… E que ficção!

Estamos falando de Daniela Niziotek- ou apenas Dani, como gosta de ser chamada-, autora de um dos melhores livros nacionais que eu li em 2011, paixão, drogas e rock'n roll. 

Além de ótima escritora, Dani é psicologa, especialista em psicanalize, bailarina clássica e mamãe. Ela reside em Sampa, com a família e a gatinha Keka. Gosta de cinema, teatro e lê de tudo, desde que seja bom.

cOmo você se inspirou para escrever o livro? 

É uma pergunta que sempre me faço, de onde vem a criatividade? O que nos inspira? Acho que para olhos atentos o cotidiano pode ser muito inspirador, mas se formos falar especificamente sobre “Paixão, drogas e rock’n’roll” não foi inspiração, foi assalto. Fui assaltada e rendida pela história de Brian e Vicky.

O tema abordado é polêmico, como os leitores recebem isso?

Pois é, algumas pessoas consideram esses temas polêmicos, para mim, são temas de cotidiano. Situações que passam todos os dias (guardadas as proporções) pelo consultório. Para mim é muito natural falar sobre esses assuntos, acho que quem lê Paixão drogas e rock’n’roll nota o quanto esses assuntos foram tratados com naturalidade. E quando digo naturalidade, não digo que foram tratados de maneira superficial ou com falsa leveza. Digo no sentido de poder acompanhar uma história humana e tão dolorida.

As pessoas recebem a história de maneiras diferentes, com maior ou menor empatia, de acordo com suas possibilidades.

O que lhe inspirou a escrever PDR, um livro intenso e forte? 

Na verdade não tive escolha, Brian e Vicky surgiram em um sonho e passaram a me torturar, repetindo exaustivamente suas histórias, clamando para que elas fossem contadas. Eu tentei por longo período ignorá-los, mas foi em vão. Quem leu “paixão drogas e rock’n’roll” sabe que não é fácil ignorar Brian e Vicky. 

Como você define a relação entre Brian e vick? 

Muitas pessoas me perguntam se o que eles viveram foi amor, paixão ou loucura. Cada vez menos acredito que algo pode ser uma coisa ou outra. Acho que sempre é uma coisa e outra. Acho que foi amor, paixão, loucura e muitas outras coisas, para as quais ainda não inventaram palavras.

você pretende escrever outros livros na mesma linha de paixão, drogas e roc'n roll? o que seus leitores podem esperar? 

Tenho alguns outros projetos e em todos estou às voltas com relações humanas. Não tenho como fugir disso, é o que me fascina, as pessoas e suas relações, com elas mesmas e com os outros.

sabemos que apesar da qualidade, a literatura nacional  ainda é pouco valorizada. para você foi mais complicado publicar ou divulgar seu livro? 

Tudo é muito complicado. Publicar o livro foi uma maratona. 

Hoje em dia é muito fácil publicar de forma independente ou em o que chamam co-edição (leia-se o autor paga e a editora publica e distribui), mas eu queria um contrato tradicional, onde recebesse por meus direitos autorais. Buscava uma editora preocupada com qualidade, interessada em literatura nacional e que tivesse interesse genuíno em publicar meu livro. 

Resultado: Fiz uma pesquisa que envolveu mais de 250 editoras, selecionei mais de 70 para as quais enviei o original, recebi cinco propostas de edição, das quais apenas 3 me interessaram. Escolhi a Maquinária por ser uma editora nova no mercado, séria e com interesse verdadeiro em promover literatura nacional. Eles também foram os que tiveram mais paciência com minhas “chatices”, estavam mesmo interessados no livro. Sou muito grata pela oportunidade. O processo todo levou mais de um ano.

Pareceu complicado? Divulgar é ainda mais difícil. Se não tem um orçamento generoso (e as editoras pequenas nunca tem), é impossível trabalhar com divulgação de massa. Só nos resta a internet (sou muito grata aos blogs literários por este trabalho). Acontece que por mais que haja um esforço dos autores e dos blogs literários, as pessoas ainda tem muito preconceito com literatura nacional. Acho que porque algumas editoras fizeram da publicação de novos autores um negócio lucrativo e não se importam muito com qualidade. 

O resultado é que fica difícil separar o joio do trigo. As editoras sérias ainda tem a questão da competitividade financeira. Como se vende pouca literatura nacional, a tiragem tem que ser menor, o custo é maior, e quando o leitor tem que escolher entre pagar o mesmo valor, ou mais barato por um Best seller ou comprar um autor nacional iniciante, escolhe o Best seller, por mais que o nacional tenha sido recomendado. É um desafio enorme, mas acho que temos que continuar a batalhar por espaço, para que novos autores possam ter a oportunidade que eu tive.

gostaria de deixar uma mensagem para os leitores do entre fatos e livros? 

Divulguem, divulguem, divulguem. Comprem, leiam, dêem de presente.

Adote um livro nacional!

RAPIDINHAS

um autor- Neste momento Carlos Ruiz Zafon (pergunte de novo daqui a 10 minutos)

um sabor-  Qualquer coisa condimentada, tipo comida indiana ou tailandesa.

uma música- Quem de nós dois (Ana Carolina) 

uma notícia- A descoberta do coquetel para o tratamento dos pacientes com HIV/ AIDS.

uma emoção- A primeira vez que vi o Coliseu 

um dia- O nascimento da minha filha. 

um sonho- Ver "Paixão, drogas e rock'n roll" nas telonas.

uma realidade-  A publicação de "Paixão, drogas e rock'n roll" 

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